quinta-feira, 10 de março de 2011

Chaminé

Eu gosto de falar sobre o tempo . Sobre o quão forte está o vento , sobre as folhas secas no nosso jardim e sobre o buraco na parede da sala que talvez se for atravessado nos levará de volta para 1988 .
Gosto de pensar nas histórias que eu inventava na minha cabeça antes de dormir . O príncipe encantado que estaria lendo Stephen King debaixo de uma árvore num parque qualquer . Penso como era difícil para nós admitirmos qualquer tipo de erro , como se admitir fosse tão frustrante quanto o erro em si .
Sei que você fez todas as minhas vontades durante todos esses anos e agora ingratamente não consegue levantar um dos braços com o qual você me carregava . Uma tristeza bate em mim como uma brisa , e me lembro que preciso mais do que nunca devorar uma torta de maçã até passar mal .
Antecipo acontecimentos e sofro por antecipação para não demonstrar fraqueza na hora certa . Tudo é uma questão de auto-controle . Ou você tem , ou você finge que tem . Mas se nem fingir você consegue , então eu te admiro até os ossos .
Eu não quero chocar , eu nunca quis reconhecimento de um bando de gente que não conheço e nunca quis ser a mais bonita da festa . É como o gelo da Antártica que cresce de baixo para cima .
Mais nobre do que dar um bife de filé mignon ao molho madeira para um mendigo que toca a campainha às 3 da tarde , é pedir desculpas mentalmente por todo o prejuízo causado pela minha falta de humanidade e vontade de fazer justiça com as próprias mãos . Mãos não servem para fazer justiça ; servem para espalhar a tinta preta pelo papel .
Por alguma razão penso em uma chaminé e penso em um tapete bege . Talvez tudo esteja atrás do buraco .

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