Milagrosamente caindo de árvores feito folhas mortas de
alguns anos atrás que não parecem tão longe, são os fantasmas que retornam uma
vez ou outra, nos lembrando da superficialidade que lido com pequenos problemas
cotidianos. Ninguém quer ler um romance barato onde a mocinha tem cachos
dourados e o herói devora uma perna de carneiro como se não houvesse amanhã. Não
há relógio que aguente esses preciosos segundos de algum lugar que aparece
somente em sonhos, e nenhum coração segura tão bem uma conversa de poucos
minutos com alguém que não se sabe se existe em um universo paralelo parecido
com esse.
Não existe muito lixo por aqui, fora aquele que já faz
parte do cenário por isso deixou de ser lixo, e agora é só um pó dourado
embaixo do tapete.
Ele ainda passa despercebido, creio que passará por um
bom tempo, para não dizer para sempre. As portas da percepção estão totalmente
fechadas, mas as janelas mantêm se abertas para uma eventual espiadela. Não é o
clichê do coração fechado, muito menos do partido, porque nada se parte quando
se pode colar de volta, é só uma sensação serena de liberdade misturada com
alguns litros de chá de gengibre junto à lareira.