domingo, 23 de outubro de 2011

Vacina

Bebo água achando que é vinho mesmo sabendo que água nunca será vinho . Mascarando e seguindo em frente é para aqueles que se sentam infelizes em algum bar em Bologna e te pedem seu último cigarro enquanto você está passando . O charme italiano . Sempre funciona . E o dias se confundem com a noite , enquanto você sente a saudade apertando no peito e sente o cheiro do edredom , e o cheiro do café . Por que existe ainda a necessidade de se ir para longe ? Algo que veio com você através do cordão umbilical e que se instalou no músculo do seu braço direito , e de vez em quando , quando algo dá errado , você o sente se mexer . Mas você não pode deixá-lo tomar conta da situação , senão seria nada mais nada menos do que muitas lágrimas e corações partidos . É ruim viver com a sensação de algo vai explodir na sua cara daqui alguns anos , mas não é isso que acontece com todo mundo ? Talvez seja só o isolamento . Talvez seja o condicionamento .

Aprofundo meus pensamentos em pessoas mortas que conheci , nunca as que não conheci , e sinto um arrepio na espinha . Sinto desprezo pela música que idolatrei alguns anos atrás , e me sinto idiota por algum dia ter pensado em ser igual a alguém . Tudo o que querem , é que sejamos igual a alguém que já existe , para que não precisem lidar com um novo problema ou desenvolver outra vacina . Tudo está devidamente etiquetado e organizado no laboratório : “ Veneno contra Kurts . “

Vejo tudo ao meu redor como uma repetição constante do que não deu certo , uma falta de imaginação e amor próprio imensos , me sinto triste , estacionada . Mas como disse o Kerouac , eu realmente não posso fazer nada por ninguém .

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Calor que escorre pela nuca , e queima as pontas do dedos . Dúvida que penetra no encéfalo e transborda pelos olhos . Nada como um drink sozinho às 5 da manhã , você espera por algo que nunca virá .

Manhã quente , sentamos na rua recém-acordada que aguarda por novos pés , e novas almas sujas , sujas como as nossas , que ainda podem ser lavadas .

Ausência repentina de alguém que se foi sem mesmo ter vindo , e a onipresença do óbvio que rodeia um tomate podre feito moscas curiosas .

O teste em animais , o grito de desespero que nunca se libertou , o espírito partido sem ao menos ter tido uma escolha . Nós escolhemos sem escolhas .

Alguém que me acorda em sonhos e me mata lentamente enquanto a água se aloja em meus pulmões . Talvez a hora seja essa . Talvez saibamos que a hora chegou , mas a ignoramos feito todas as outras premonições que temos durante a vida .

Abomino qualquer excesso de auto depravação , vaidade gritada aos sete mares . Nossos parentes mortos nos olhando pela porta da cozinha enquanto o cachorro late desesperadamente . Somos tão limitados que não enxergamos nossas limitações .