O anseio pelo óbvio é que nos fazer passar por debaixo e por
cima de pontes de cidades ao Norte e dormir em motéis baratos durante alguns
dias.
A areia que entra timidamente pela boca e se instala por
entre os dentes nos dando a sensação de uma impotência absurda por não poder
fazer nada a respeito.
Sentimos o vento, engolimos o vento tão rápido que nem
paramos para escrever breves poesias sobre os formatos dos rostos das pessoas
que entram no trem e sentam-se ao nosso lado.
Tudo parece passar despercebido.
Feito um urso banhando-se, procuro por um abrigo imaginário
todas as noites, uma tenda à prova de pensamentos profundos que levam a total
destruição da alma.
E observo daqui, do topo do meu mundo, todas as formigas
carregando penosamente pedaços de insetos e de folhas mortas, quando um homem
muito apressado para o trabalho as pisoteia e nem as nota. Na verdade não sei
se são realmente formigas.