quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Formigas


    O anseio pelo óbvio é que nos fazer passar por debaixo e por cima de pontes de cidades ao Norte e dormir em motéis baratos durante alguns dias.
    A areia que entra timidamente pela boca e se instala por entre os dentes nos dando a sensação de uma impotência absurda por não poder fazer nada a respeito.
    Sentimos o vento, engolimos o vento tão rápido que nem paramos para escrever breves poesias sobre os formatos dos rostos das pessoas que entram no trem e sentam-se ao nosso lado.
    Tudo parece passar despercebido.
    Feito um urso banhando-se, procuro por um abrigo imaginário todas as noites, uma tenda à prova de pensamentos profundos que levam a total destruição da alma.
    E observo daqui, do topo do meu mundo, todas as formigas carregando penosamente pedaços de insetos e de folhas mortas, quando um homem muito apressado para o trabalho as pisoteia e nem as nota. Na verdade não sei se são realmente formigas.