Acho irrelevante perguntarmos a mesma coisa repetidas
vezes em lugares diferentes.
Eu não escolhi estar aqui, e você não escolheu carregar
esse caixão de 40 mil dólares representando um corpo que não é nada mais do que
cinzas numa urna enfeitando a nossa imensa sala de jantar.
Embaixo da Torre Eiffel a pergunta era sempre a mesma;
qual a nossa missão? Por que não acordar às 5 da manhã como todo mundo? Por que
viver a vida como um comercial de perfume? E por que não?
Sinto o cheiro peculiar do jardim que chamávamos de
cemitério das flores, onde ficávamos em silêncio durante horas esperando que
começasse a chover. É assim até hoje. Esperamos a chuva que só cai quando não
nos convém.
Arrumamos as malas, vestimos outra alma e junto com ela
outros ideias que nos levam exatamente ao mesmo lugar, e as lágrimas pedem
licença para brotarem, mas são impedidas pela nossa frieza comum.
Não adianta
querer mudar, e ir contra o que já está implantado em nosso cérebro. Já fomos
contaminados pela artificialidade global. Não podemos mais ser felizes com
nada. Não é nossa culpa.