quinta-feira, 10 de julho de 2014

woody



O barulho que arde os ouvidos e nos faz querer ir embora para sempre e viver cortando árvores mortas na Black Forest. São as coisas mais insignificantes que significam mais do que a dívida que você não vai poder pagar nem que arranje 4 empregos, e isso na verdade não importa tanto quanto aquele dedo que você prendeu na porta do carro e viu o sangue escorrer. Parece o fim do mundo. Transformamos toda aquela atitude vendida em revistas e videoclipes alternativos em algo doce como o espreguiçar de um gatinho.
Ah quanta coisa preciso sentir além dos leves arrepios que precedem uma noite de sonhos eróticos com alguém que nunca vi na vida, ou com um morto.
Não importa quantos empecilhos sejam colocados nas portas e janelas, há coisas que trespassaram qualquer superfície sólida, e isso já basta para se ter uma noite bem dormida.
Quem não espera que a vida seja uma comédia do Woody Allen, na qual nos apaixonamos perdidamente em Veneza, e depois nos mudamos para Paris com o homem dos nossos sonhos que acaba sendo apenas mais um ser humano cheio de manias e defeitos, e no final vamos embora porque nos julgamos melhores do que todos eles?

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Not a poem



Há problemas que não querem ser resolvidos,
Quando alguém grita e o outro não escuta.
A maior prova de amor é a mudança,
E o pior silêncio é aquele que sorri.
Solidão massacrante é estar com alguém e se sentir sozinho,
É esperar pelo e mail que nunca chega.
O maior golpe na alma é insistir no erro,
Assim como quando fingimos felicidade matamos um pouco de nós mesmos.
Não digo que não devamos ser pacientes,
Mas qual o limite, até ser posto o ponto final?
Há tantas possibilidades invisíveis ou ofuscadas pelo nosso desespero,
Que deixamos passar por nós lentamente, feito um cego em um navio que não vê os golfinhos.
A única coisa que deveria importar deveriam ser risadas longas e sinceras,
Que cortam a amargura dos nossos corações jovens que bebem para esquecer e cantam para serem felizes.


quarta-feira, 26 de março de 2014

O polvo

Interpretamos sonhos que não são dignos de interpretações, pelo simples fato de buscar uma explicação para algo que pode não significar nada.
Um polvo que surge do oceano mais negro para descansar seus tentáculos em uma pedra esquecida em algum lugar que nunca ninguém irá. Ele puxa o ar com toda força, e me olha. Mas eu não sou eu, eu não existo.
Ele retorna para sua vida misteriosa e inalcançável enquanto eu me levanto e adio compromissos que não existem.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Miles Davis


Nada disso. O objetivo geral era Miles Davis no volume médio, enquanto a poeira entra levemente nos olhos, e a ardência é transformada em felicidade instantânea.

Era motéis baratos, garrafas de whisky ao anoitecer ouvindo histórias contadas por um chapéu de cowboy que dedicou 20 anos ao amor não correspondido de uma garçonete que se parece com a Marilyn Monroe.
O grande objetivo era dias de descanso em cafés pequenos e pouco frequentados, onde a mente relaxa e a gente não pensa em nada, só aguarda algo extraordinário que está por vir. Tudo rabiscado na contracapa de um livro emprestado da biblioteca local, lido por inúmeras pessoas que mudaram, mesmo que por 1 dia, o seu modo de pensar em relação ao desconhecido.
 O frio que amedronta é o frio que aquece a alma. O cheiro característico da manhã misturado com o cheiro das árvores e animais é o que nos faz seguir sempre em frente.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Feito

Esse vento me alegra como o dia mais morno de uma juventude esclarecida e cantarolante, de alguém que se perde entre poemas de Drummond e textos de Pessoa.
Tudo combinado em um Universo onde a razão não necessita de conselhos freudanos baseados em experiências alcoolizadas, ou sorrisos e elogios de alguém que se perdeu no tempo como se perde um amigo.
E caminhamos como se nada tivesse acontecido, enquanto o bolo assa demais, o filme cansa demais, e os acontecimentos se tornam cada vez mais distantes e apagados, em dias frios feito a saudade, e bebidas quentes feito abraços.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Vizinho

No abismo obscuro de algo guardado a sete chaves em um coração amargurado pelo tempo que ficou para trás.
James não se reconhece mais no espelho e nem na alma. A casa é fria e escura, enquanto o tique tac do relógio se faz cada vez mais alto ao ponto de mexer com seus tímpanos. 
Não há muito o que fazer em relação a festa arruinada na semana passada. Ele já pediu desculpas, mas sabe que ninguém o perdoou. Sendo assim ele se pune ficando sozinho a maior parte do tempo. O problema é que ele gosta da sua companhia, então se sente culpado e resolveu fazer amizade com o vizinho.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Poeta

Dizemos não ser fácil escolher entre algemas largas ou total liberdade, a liberdade talvez nos cegue, talvez hajam muitas marcas de papel higiênico nas prateleiras e isso nos confunda.
Vejo o céu tão escuro e mergulho no vazio de pensamentos obscuros que se escondem de tempos em tempos em algum lugar estratégico da memória. Nossa música nunca foi composta e o poeta provavelmente já está morto.