terça-feira, 24 de maio de 2011

Nada

São dias solitários . Dias para ter um papo cabeça com você mesmo . Dias os quais te atormentam e causam uma estranha dor no coração .

Tantas pessoas me vêm a mente , elas não existem mais . Somente suas carcaças . São pessoas diferentes , almas diferentes naqueles corpos que um dia participaram da minha vida .

Me agasalho . Esquento a água na chaleira e me sento na cadeira da cozinha a fim de me aquecer um pouco . Nada mais me aquece . Sou gelada . Minhas mãos estão sempre geladas como se eu estivesse mesmo morta por fora . Talvez eu esteja .

A única pessoa com quem você gostaria de conversar não atende ao telefone e então você pensa em apelar para aquela pessoa que você não gostaria de falar , então tudo vira uma bola de neve ainda maior .

Meus piores pesadelos numa caixa de Pandora escondida estrategicamente dentro do meu guarda-roupas por entre os milhões de moletons jogados ali desde a oitava série .

Te encaro . Penso em você . Mentalizo os seus dentes e suas narinas . Sei que me pertencem , mas não sei se você sabe disso .

Tão convicto de que suas idéias e ideais estão certos , tão perdido no meio dessa selva mecanizada e alimentada por robôs , tão igual a mim . Tento te alertar em sonhos . Dizer que não vale a pena , as pessoas não se importam . Não se importam com nada a não ser elas mesmas , e elas não estão erradas .

Me divido entres canções escritas diretamente para mim e entre lamúrias antigas do que poderia ter sido .

E assim sigo no meu ritmo muitas vezes de tartaruga , muitas vezes de nada .

Um comentário:

  1. Um poeta francês diria que há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade.
    Às vezes as coisas chegam num ponto em que as palavras são desnecessárias, nos cabe simplesmente aproveitar o silêncio.
    Como se sabe, tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação, nós estamos fadados a fingir nesse mundo vão.
    Todavia, os mais otimistas pensam que tudo é uma questão de sorte, nos resta ter paciência e viver o presente.
    O tempo, aos poucos, transforma tudo em tempo, o ódio, o amor, a dor, tudo se transforma em tempo.

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