Me recuso a te dar um abraço depois de todas as noites que chorei porque você comera todas as gomas de mascar azuis de propósito e me deixou somente as amarelas . Renego o fato de termos o mesmo sangue , mesmo porque meu sangue é azul e pode-se ver pelas minhas veias .
Tanto tempo nesse frio , desolada e descrente da capacidade humana de ceder um lugar no ônibus para alguém sem as pernas que flutua por aí . Não , eu não era a única que a vi .
Quanto tempo faz que quebramos aquelas garrafas e quebramos nosso silêncio sobre nossas doenças incuráveis que nos fazem viver do jeito que vivemos , e que levam toda a compaixão que um dia habitou nossos corpos , e que me diz que você não passa de uma vadia que vai cortar o meu cabelo enquanto eu durmo e vai dizer que me viu cortando meu próprio cabelo alegando ser uma tal de Valquíria , meu alter-ego destrutivo querendo se vingar de mim mesma por ter nascido com o cabelo liso .
Deus , eu me sinto cansada e sinto a água gelada penetrando pelas minhas meias , e não sinto meu nariz e nem sinto os dedos das mãos e tenho raiva desse lugar úmido e sinto ódio por não ter ninguém comigo e amaldiçoei todos os meus amigos para que um cadáver puxe seus pés enquanto dormem .
Eu estou pouco me fodendo pra suas tatuagens nojentas e essa sua cara de favelada arrogante e eu quero que esse seu amigo enfie todas as agulhas possíveis no seu rabo nojento queimado do Sol ou Deus já te enviou assim pra te castigar .
Deus deve ter um senso-de-humor do tamanho do Universo .
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