É irritante e egoísta você querer escrever poemas sobre qualquer coisa que não faz o menor sentido . Eu nunca te disse como eu me sinto em relação a obscuridade com a qual você dirige seu carro e ao mesmo tempo morde aquele cadarço vermelho que eu encontrei embaixo do meu sofá uma vez .
São esses dias parados e úmidos com cor de pijama listrado em azul e branco e cheiro de café velho que nos dizem que o tempo brinca com a gente a todo momento .
Você se acha melhor que todo mundo , tem raiva de quem teve mais sorte do que você e nasceu numa família rica , acha que seu gosto cinematográfico é espetacular , namora uma menina horrorosa também metida a alternativa ; mas na verdade você não passa de alguém com o nariz entupido de pó e um controle na mão . É tão idiota quanto odiar homens engravatados no metrô .
É como se um buraco-de-minhoca minúsculo se abrisse embaixo da sua mesa e sugasse as falas das pessoas e o chapéu horroroso do seu professor , e o buraco se recusasse a te engolir então você fica sentado observando suas unhas que chegaram na carne . Não faz muita diferença porque a diferença no final das contas acaba não fazendo nenhuma diferença .
Acordo completamente bêbada e me lembro que tenho um avião pra pegar . Não desligo meu celular torcendo para que o avião exploda no ar e eu e todos morram sem sentir dor , mas ele toca , e eu não atendo .
Quando o passeio acaba eu me encontro numa cama que não me lembro de quem é , com um guarda-roupa amarelo pintado a mão aberto ao meu lado e vomitando roupas de todas as cores .
Roubo um maço de cigarros e vou embora .
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