quinta-feira, 6 de maio de 2010

Morte

Tenho a impressão de que existe um furo minúsculo no colchão da minha cama e toda noite enquanto eu durmo magicamente ele aumenta e me suga pra dentro , e talvez seja por isso que às vezes eu acordo e não consigo me mexer , com excessão dos meus olhos , sendo assim acho que vou marcar uma nova consulta com o meu analista e dizer que eu não tenho nenhum distúrbio do sono muito menos paralisia e que esses coletes de lã que ele usa me dão a impressão de que quando nenhum paciente está na sala , ele fuma um charuto atrás do outro enquanto secretamente lê contos eróticos do mais baixo escalão .
Mãe , você pode dar a definição que você quiser para as minhas piadas mal humoradas e sorrisos irônicos que estampam minha cara durante conversas em família , mas isso tudo é resultado de um nascimento pré-maturo feito pelo médico errado porque ele não falava inglês .
Quando eu volto para casa , todos os cômodos me parecem receptivos , menos o meu quarto . O MEU QUARTO , com todas as frases de livros e músicas escritas pelas paredes , minha cama encostada na janela e os flyers colados que me dão idéias para nomes de bandas futuras que talvez eu venha a ter um dia . Eu penso em nomes de bandas o tempo todo . E eu penso em frases para estampar camisetas e eu invento pessoas . Invento pessoas e seus pensamentos . Invento seus vícios . Mais ou menos uma hora depois me vejo deitada de bruços no sofá , com o cd do Death Cab no máximo volume pensando na roupa que vou vestir no sábado .
A morte tem me rodeado esses dias . E ela é feia mas usa vestidos da Dior e cheira a rosas .

Nenhum comentário:

Postar um comentário